sábado, 7 de fevereiro de 2009

"Geração apática e sem objectivos, nem ambições"

No outro dia, uma garota de 20 anos dizia-me que é muito ambiciosa e que acha que o que está mal hoje em dia, é que os jovens da idade dela não têm ambição, nem objectivos de vida.

Bom, se pensarmos que o que define uma geração (ou Era) é a maioria das pessoas, e não uma minoria, eu sugeri-lhe que perguntasse a ela mesma porque raio isso está a acontecer. Porque é que as pessoas já não respondem como antes às ambições de outrora. Porque é que temos todos a sensação que os nossos avós foram obrigados a começar a trabalhar desde cedo, por não terem escolha e que, hoje em dia, se calharmos de passar por dificuldades semelhantes, os jovens morrem todos a um canto sem mexer uma palha?! O mundo muda, os genes mudam, as necessidades da alma mudam, porque as almas evoluem, e a mudança ocorre. É normal atravessarmos Eras de mudança, e porquê continuar a achar que é a maioria é que está mal?

Na idade média, homens pegavam em espadas e matavam com elas. Espadas que poucos de nós, humanos de hoje, conseguiam sequer levantar do chão, tal o seu peso. A genética humana mudou! A alma humana evoluiu. A força que antes dominava os guerreiros vinha da sua alma presa ao valor terreno e palpável das coisas.
Hoje nascemos com necessidades diferentes. O Consumo como necessidade sempre houve e chegou à facilidade tal, que já não satisfaz a maioria. Daí que muitos sejam aqueles que cada vez mais não possuem ambição a grandes níveis. Porque sabem que a sua ambição não foi ainda definida. Estamos numa transição de Eras, de tempos. Nesse meio tempo não há clarividência, não há certezas, não há sequer forças para aplicar no que até aqui não compensou. Há apenas a inteligência adequada ao tempo, há a sensação, necessidade de abstracção, de se isolar e tentar perceber que geração vem aí, que Era vem aí, e que foi que mudou no nosso interior, para poder adequar-se ao novo. É uma necessidade intrínseca de qualquer ser humano. É um tempo necessário, uma geração necessária. Toda a geração é necessária!!

Se pensarmos que os nossos avós constituem a geração que detém talvez a maior marca já avaliada da esperança de vida humana, podemos pensar nas suas causas. O que coloca pessoas de uma geração tão sofrida e obrigada sempre a tudo, a morrer tão tarde? O trabalho dá saúde? Também. Mas será só isso? A velhice deles está assim a ser tão serena e compensatória da vida que tiveram? E se pensarmos que lhes foi dado mais tempo de vida, porque precisaram desse tempo para fazer o que não fizeram enquanto jovens, avaliar o que de facto os fazia mexer e trabalhar sem tempo pra pensar em nada mais, em compensações interiores? Que apenas um período de velhice longo, lhes poderia dar a conhecer novos pensamentos sobre a maneira de pensar da época que viveram, que a obrigação estava dentro deles e os impediu de ver motivação, mas apenas uma época de obrigação sem escolhas possíveis. Ninguém quer morrer sem sentir que a vida lhe teve algum amor, sem sentir que teve amor pela vida. Isso faz durar o corpo, porque a alma não está sossegada. Não pode partir ainda.

Talvez por isso eu acredite que existe um motivo para a esperança de vida estar a diminuir, nesta nova geração. Diz-se o contrário, que a ciência evolui. Mas na minha opinião, dificilmente a minha geração chegará aos 90 anos de idade. Terá isso de ser necessariamente um mau sinal? Acho que esta Era de mudança, veio trazer introspecção antes de qualquer acção (ao contrário dos nossos avós) e isso é em tudo uma sabedoria e clarividência que nos permite perceber de amor da vida, de amor à vida sem ter de cá andar 90 anos! Tudo tem a ver com a alma. As que agora surgem, são as que já estiveram cá mais vezes. Logo não vêm apenas viver no sentido básico do termo. Vêm aperfeiçoar aquilo que ficou por fazer noutras vidas.

Vou deixar-vos com uma analogia que gosto muito de usar. Na época dos Descobrimentos, descobriu-se que nem todos os povos dariam bons escravos. Tentaram escravizar os Índios e não o conseguiram. Tentaram e com êxito escravizar o povo africano.
Os Índios eram demasiado frágeis e não aguentavam os castigos severos, morriam facilmente, morriam de desgosto. Os Índios prevervavam a sua liberdade, a sua alma livre e jamais o valor material das coisas. Não tinham como hábito vender-se uns aos outros, vender filhos para terem mais e melhores condições. Terras estéreis como existem em África deram a esse povo um karma terrível. Mas como todos os povos, eles tiveram o seu livre arbítrio e perante ele o seu povo se desuniu, escolheram vender-se uns aos outros. Não sabiam que povos desenvolvidos não iriam valorizar algo que eles próprios não valorizavam. A raiva e apego ao mundo terreno, fazia dos africanos fortes e saudáveis, e logo bons escravos. A sua constituição genética é das mais fortes e saudáveis. Foram vítimas disso, do seu apego aqui ao mundo que não os soube estimar. Jamais ousariam morrer de tristeza, como um índio. Acredito que isto se tivesse passado porque jamais olharam para o que tinham dentro do peito. Aceitaram essa condição sem vivenciar a tristeza, sem criar uma identidade incorruptível de um povo iluminado. A tristeza não era vivida na essência. A tristeza de serem escravizados era transformada em raiva e assim foi passando ao longo dos séculos e permanece ainda a revolta dentro dos seus peitos.

Associo o povo africano aos nossos antepassados, aos nossos avós, fortes e saudáveis, cuja vida lhes foi madrasta, por eles mesmos não se terem permitido senti-la de outra forma. Por mais limitada que nos pareça a vida, nós temos sempre uma escolha! E uma geração toda na sua maioria, é que mostra a escolha feita. Acho que esta geração é uma geração de Indios, que está a fazer uma escolha. A escolher de acordo com a sua liberdade de espírito. A tentar perceber o que não quer. Não sabemos ainda qual é, qual será esse futuro. E se for mesmo a falta de ambição material? Qual é o problema? Pessoas que fazem realmente no peito essa escolha, jamais têm necessidade de ir roubar. São almas de Índios, perfeitamente conscientes das escolhas, perfeitamente inofensivas e pacificadoras. Poderão não sê-lo, se não as deixarem escolher. Têm o direito a isso, a não ser ambiciosas. Aprendamos com a mudança! Aprendamos com a maioria. Porque a mudança está a ocorrer, isso é inegável.

Um comentário:

  1. Amiga, infelizmente na nossa geração há muitos índios aprisionados...

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